sábado, 19 de maio de 2012

Pão (ALENTEJO era o celeiro da Nação

O Pão é a nossa tradição

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O pão foi a base do sustento de muitas famílias alentejanas. O pão era também muitas das vezes a maneira como o patrão pagava a jorna dos trabalhadores rurais/ como se fosse uma esmola/. Que seria do nosso Alentejo se o pão não existisse…Pois era ele o ingrediente, o conduto, o acompanhamento com que o povo alentejano conseguia sobreviver. Quando disse: o acompanhamento ou o conduto, não pensem que me enganei…Era por diversas vezes a chamada “bucha” um bocado de pão, com o desejo, de que houvesse algo para colocar por cima, mas não passava de um sonho. Outros, nem esse bocadinho de pão tinham, ou se tinham pouco, o davam aos seus filhos, escondendo as lágrimas embrulhadas na tristeza de nada ter! Os campos de trigais se erguiam na planície alentejana, através das mãos rudes e calejadas, do rosto queimado pelo sol, dos pés descalços e do suor que molhava o rosto de quem sempre a terra trabalhou. Era este o nosso Alentejo  era ele o Celeiro da Nação. Alentejanos de mãos gretadas e secas por todas as intempéries que a natureza lhes enviava, mas sem cruzarem os braços pegavam no arado e charruavam a terra, depois vinha a sementeira com os sacos aos ombros deitavam a semente á terra, que iria germinar e crescer para dar a espiga, que ia para os moinhos e pela mó eram feitas farinha. A farinha de trigo que todo o alentejano tinha o maior respeito, para isso trabalhavam de Sol a Sol e para receberem uns míseros reis. Os campos de trigo erguiam-se no Alentejo, para se fabricar o melhor pão do mundo. Que seria do nosso povo Alentejano, se o pão foi sempre a base da sua alimentação. O Alentejo tem a melhor gastronomia e a base da sua riqueza e inspiração foi o pão , as ervas aromáticas , e as plantas que nasciam por esses  campos do Alentejo. Como se fariam as migas com carne de porco frita, a nossa açorda de alho, e o ensopado de borrego, sem sopa de pão não teria o mesmo sabor, foram estes e muito outros pratos que nos foi deixado em herança por nossos antepassados. Os anos passaram mas ainda sinto o aroma de uma cozedura de pão, o forno a lenha era acesso para ficar apenas o borralho. Na memória todo o ritual das mulheres que iam passando o seu saber de geração em geração, vestiam o avental branco e um lenço na cabeça, guardado somente para esse momento tão precioso, os alguidares de barro bem limpos estavam á espera de lhes ser colocada dentro a farinha, um bocado da massa fermentada, da antiga cozedura e era chamada” massa velha! Depois iria ficar um bocado desta massa levedada para a próxima cozedura,era o fermento... Era bem desfeito em água morna com o sal, depois abria-se um buraco ao meio e lá se deitava, iam amassando e sovando e borrifando com mais água se fosse necessário, o pão ficava a descansar e a levedar ou seja a crescer pelo fermento adicionado, Colocavam por cima um cobertor para a massa não arrefecer. Depois era tendido e leva-se para o forno a cozer durante mais ou menos 1hora.SE não houvesse esta tradição também não havia a nossa DELICIOSA  GASTRONOMIA incluindo a Doçaria , também ela leva pão, nem a TIBORNA, que consistia em cortar o pão quente com as mãos, esses bocados de pão iam para dentro de uma tigela, mais um fio de azeite e um pouco de açúcar. A delícia da criançada da casa, eu era uma dessas crianças.
Obrigada alentejanas e alentejanos .

Leo Marques
15/ 05/2012

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